A dor na região cervical da coluna é chamada de cervicalgia. Quando ela acontece de maneira transitória, é popularmente conhecida como torcicolo. No Brasil, acredita-se que 55% da população terão estes sintomas, sendo que destes, 12% das mulheres e 9% dos homens terão cervicalgia crônica. Segundo o chefe do Serviço de Fisiatria do Hospital São Lucas da PUCRS, Carlos Alberto Musse, o que muitos não sabem, no entanto, é que ele não é um problema em si e sim o sintoma de que pode haver algo errado com a sua coluna cervical.

— O torcicolo se traduz na dor e na dificuldade de movimentar o pescoço. Ele é um sintoma, ou seja, uma queixa do paciente. Não é um diagnóstico de causa. Somente o médico, com o auxílio de exames de imagem, pode detectar o problema — afirma.

Conforme o fisiatra, que na medicina tradicional se ocupa do diagnóstico de doenças traumáticas e de sua reabilitação, a causa mais comum do problema é uma sobrecarga da musculatura da região cervical (pescoço).

— Ela pode ocorrer por diversos fatores, mas, especialmente por peso, estresse e tensão, ou postura inadequadas — explica.

Musse revela que o músculo, quando sobre carregado, desenvolve um quadro conhecido como "espasmo", ou seja, uma contração contínua, não controlada e dolorida, que configura o torcicolo.

— Quando há uma doença associada, por exemplo, um pinçamento de um nervo na coluna (hérnia de disco), o espasmo é uma tentativa do organismo em proteger a região. As doenças dos discos da coluna com osteófitos (bicos de papagaio, formações ósseas anormais) podem tornam os movimentos rígidos e dolorosos. Nos casos mais graves podem ser uma manifestação de doença neurológica — alerta.

O especialista revela que a escolha correta do travesseiro e do colchão são fundamentais para evitar o problema.

— Nas causa de origem postural, o travesseiro baixo, quando o indivíduo dorme de lado, pode ser prejudicial. O ideal é dormir de lado com um travesseiro que tenha a altura igual à distância entre a cabeça e o colchão — aconselha Musse, lembrando que o colchão deve ter a densidade correta para cada pessoa, geralmente acima de D35.

Como tratar

O fisiatra esclarece que, dependendo da causa que origina o problema, há um tratamento indicado. Geralmente, são usadas compressas frias e quentes. As compressas frias tem efeito analgésico, já as quentes, possuem propriedades relaxantes e devem ser usadas por último.

— Além disso, o médico pode lançar mão de analgésicos, relaxantes musculares ou anti-inflamatórios para abreviar o desconforto — diz.

Musse recomenda ainda que alongamentos suaves e de baixa intensidade, podem auxiliar no controle do problema. No entanto, em alguns casos, a dor e o desconforto impedem que eles sejam feitos.


Dicas de Musse para evitar esse tipo de lesão:
:: não veja TV deitado;

:: evite leituras prolongadas na cama, prefira a posição lateral;

:: ao atender o telefone não prenda-o com o ombro:

:: na sua mesa de trabalho, por exemplo, os objetos mais usados não podem obrigá-lo a girar a cabeça com frequência. Eles precisam estar bastante acessíveis;

:: ao sentar, encoste-se bem na cadeira. Evite debruçar-se sobre a mesa;

:: não fique de costas para o ar condicionado, especialmente o frio;

:: não deixe os músculos do seu pescoço esfriarem-se subitamente;

:: durma de lado com os travesseiros na altura de forma que sua cabeça fique reta;

:: nos momentos tensos, relaxe. Perceba sua tensão, respire fundo e solte o ar sem fazer força.


Quando é hora de procurar um médico:
:: quando os sintomas persistirem por mais de 24 horas;

:: quando há perda força ou formigamento no braço;

:: quando, associado ao desconforto, houver dor de cabeça;

:: quando a dor estiver acompanhada de febre.


Quem mais sofre com o problema:

:: quem trabalham em desvantagem postural;

:: quem está tenso, emocionalmente;

:: os sedentários;

:: quem trabalha em computadores, sem pausa e com monitores em posição inadequada.